quarta-feira, 8 de abril de 2015

«Só desviei 30 mil euros de taxas moderadoras»

Uma antiga funcionária do centro de saúde da Marinha Grande, alegadamente responsável pelo desvio de 139 mil euros de taxas moderadoras, afirmou esta quarta-feira, em tribunal, que apenas utilizou 30 mil euros. Quanto ao restante valor, atribuiu a culpa aos colegas.
«Eu responsabilizo-me por cerca de 30 mil euros (…). Só utilizei para fins próprios 30 mil euros»
A arguida, de 72 anos, falava perante o coletivo de juízes do Tribunal Judicial de Leiria, onde começou a ser julgada acusada dos crimes de peculato e falsificação de documento. 
A mulher que admitiu ser a responsável pela gestão dos dinheiros do centro de saúde e adiantou que necessitou daquele valor «por questões graves da vida pessoal». Já o restante valor «quem não entregou» foram as colegas. «Permiti que as colegas ficassem com o dinheiro para elas»
Admitiu, depois, ter-lhes solicitado «várias vezes» o valor das taxas moderadoras, cuja falta justificava ao dar «as faturas [de fornecedores] como pagas», cita a Lusa. 
Garantindo não ter cometido os factos sozinha, a arguida reconheceu ter encoberto as colegas, explicando que não denunciou esta suposta situação por temer que o desvio que fez fosse descoberto. 
«Eu agi mal», afirmou, adiantando que a direção do centro de saúde confiava nela, «mas sempre que quisessem e se entendessem podiam controlar», o que, aliás,«“era sua responsabilidade», pois «não há direções nomeadas para depois não terem responsabilidade». 
No despacho de acusação, lê-se que a mulher, «após receber das restantes funcionárias os valores pecuniários referentes às taxas moderadoras, para conferir, guardar e depositar na conta da Sub-região de Saúde de Leiria, separava uma parte desse dinheiro» que afetou às suas necessidades pessoais ou do seu agregado, «designadamente pagando despesas correntes do seu dia-a-dia», valores que «totalizaram pelo menos 139.077,18 euros». 
O julgamento prossegue com a audição de testemunhas.

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